13 de set. de 2018

Ashtavakra Gita em português


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______________________________________________

Eu apresento aqui uma versão baseada em uma tradução
Cujo nome do tradutor para o inglês sofreu omissão.

Haverá inclusão, alteração e interpretação,
Mas sem jamais mudar o sentido da canção.

Ela vem de onde?
Aqui está a fonte:

***
Poetisa eu não sou
Sou só alguém que ousou
Em versos sem qualquer regra
Dessas notáveis palavras em versos rimados lhes fazer a entrega.

Eleonora Meier – 2018.

***

Ashtavakra Gita

I

Janaka disse:
Como o conhecimento é adquirível?
Como a libertação é obtenível?
Como a renúncia é possível? –
Diga-me isso, ó Senhor. (1)


Ashtavakra disse:
Meu filho, se você aspira à libertação,
Dos objetos dos sentidos como veneno faça a abstenção,
E procure como néctar o perdão, a sinceridade,
A bondade, o contentamento e a verdade. (2)


Para a libertação obter,
Perceba que nenhum dos cinco elementos é o seu ser,
Deles e da própria consciência, sem pudor,
Realize-se como o conhecedor. (3)


Se do corpo você se desligar
E na Inteligência repousar,
Você será sereno, feliz,
E livre da escravidão em um triz. (4)


Você não pertence à casta Brahmana
Ou a qualquer outra classe ou Ashrama.
A visão de você os olhos não podem ter,
Desapegado, informe e a testemunha de tudo o que há para ver.

Seja feliz. (5)


Você não é fazedor nem desfrutador,
Pois virtude e vício, prazer e dor
Não são seus, são da mente, ó Onipresente.
Você é sempre livre, realmente. (6)


De tudo você é o único observador
E da liberdade sempre sente o sabor.
Ver o observador como diferente,
É de fato a sua única corrente. (7)


Você que foi mordido pela grande negra serpente
Do egoísmo da sensação de ser o agente,
Seja feliz ao beber do néctar curador
Da certeza de não ser o fazedor. (8)


Seja feliz e livre da dor e do tormento
Ao queimar, com o fogo do conhecimento
De que 'eu sou a única e pura Inteligência'
A selva da necedade e da negligência. (9)


Seja feliz, pois você é essa Consciência
Na qual esse universo exibe a sua aparência
Como uma cobra em uma corda é imaginada,
Consciência que é Bem-aventurança Suprema e mais nada. (10)


Livre de fato é aquele que livre se considera,
Quem se considera atado clama 'liberdade, quem me dera!'
Verdadeira é a sentença:
'Você é aquilo que você pensa'. (11)


O Eu é a testemunha e a Inteligência onipenetrante,
Perfeita, única, livre e brilhante,
Sem ação, sem desejos, quieta e desapegada.
Ele parece do mundo devido à ilusão autogerada. (12)


Tendo abandonado as automodificações,
Externas e internas noções,
Medite no Atman como Inteligência imóvel e não-dual,
Sem a ilusão de que você é o eu refletido, a alma individual. (13)


Meu filho, há muito tempo você está preso
Pela consciência do corpo, que peso!
Rompa a armadilha com a espada do conhecimento
De que "Eu sou Inteligência" e ganhe contentamento. (14)


Realmente a sua escravidão
É que a prática do Samadhi seja sua ação.
Você é desapegado, autorrefulgente, sem atividade,
E sem quaisquer defeitos na verdade. (15)


Você permeia esse universo
Ele existe em você e não o inverso.
Você é realmente puro e consciente,
Livre-se da pequenez da mente. (16)


Você é imutável, incondicionado,
Sem forma e desapaixonado,
De inteligência insondável e imperturbado.
Que só para a Consciência o seu desejo seja direcionado. (17)


Saiba que o que tem forma é irreal
E que o informe é permanente e real.
Através dessa instrução espiritual
Você escapará da possibilidade do renascimento, esse mal. (18)


Assim como um espelho existe dentro
E fora da imagem refletida em seu centro,
Assim mesmo o Senhor Supremo existe
Dentro e fora desse corpo triste. (19)


Como o mesmo éter onipenetrante
Está dentro e fora de um jarro a todo instante,
Assim mesmo o eterno Brahman onipresente
Existe em todas as coisas, imanente. (20)

***

II

Janaka disse:
Oh, eu estou além da natureza, sou imaculado, 
Pura Consciência e sossegado.
Todo esse tempo a ilusão
Fez de mim objeto de ridicularização. (1)


Como esse corpo só eu revelo,
Assim mesmo esse universo eu desvelo.
Portanto, todo esse universo é meu,
Ou, realmente, nada é meu. (2)


Oh, ao universo tendo renunciado, 
E o corpo tendo deixado de lado,
Agora o Eu Supremo eu percebo
Através da sabedoria que recebo. (3)


Como ondas, bolhas e espuma
Não são diferentes da água, em suma,
O universo que do Atman emana, igualmente,
Dele não é diferente. (4)


Como o tecido é constatado 
Não ser nada além de fios quando analisado,
Assim esse universo, considerado devidamente,
Não é nada exceto o Atman somente. (5)


Assim como o açúcar no caldo de cana gerado
É por ele (suco) totalmente permeado,
Assim mesmo o universo produzido em mim
É permeado por mim do começo ao fim. (6)


O mundo surge da ignorância do Eu
E desaparece com o conhecimento do Eu,
Assim como da não-cognição da corda a serpente aparece
E com o seu reconhecimento desaparece. (7)


A luz é a minha própria natureza inerente
E dela eu não sou diferente.
Quando o universo se manifesta, de fato
Então sou eu que derramo brilho inato. (8)


Oh, o universo aparece em mim
Sendo concebido pela ignorância sem fim,
Assim como na madrepérola aparece a prata,
A água no raio de sol e uma cobra a corda retrata. (9)


Assim como um jarro em terra se dissolve,
Uma onda na água ou uma pulseira em ouro se resolve,
Assim mesmo o universo que emanou de mim
Se dissolverá em mim. (10)


Maravilhoso sou eu! Adoração!
A mim que não conheço dissolução
E que sobrevivo até mesmo à destruição
Do mundo de Brahma até a moita de grama. (11)


Maravilhoso sou eu! Adoração!
A mim que tenho um corpo mas sou único sem divisão,
Que não vou a lugar nenhum, nem venho de algum lugar,
Mas que permaneço o universo a permear. (12)


Maravilhoso sou eu! Adoração!
A mim, porque não há ninguém como eu com tanta aptidão,
Pois estou sustentando o universo por toda a eternidade
Sem tocá-lo com o corpo em realidade. (13)


Maravilhoso sou eu! Adoração!
A mim que não tenho nada não,
Ou que tenho tudo o que é falado
E também o que é pensado. (14)


Conhecedor, conhecível e conhecimento –
Esses três não existem nem por um momento.
Eu sou aquele (Eu) imaculado
Em que essa tríade aparece por causa do saber danificado. (15)


Oh, a dualidade é a raiz da miséria.
Não há outro remédio para isso exceto a percepção séria
De que são falsos todos os objetos de experiência,
E de que eu sou único e puro, bem-aventurança e inteligência. (16)


Eu sou pura inteligência.
Por ignorância eu me impus uma circunferência.
Constantemente assim refletindo,
No Absoluto eu estou residindo. (17)


Eu não tenho escravidão nem libertação.
Ao ter perdido o seu apoio cessou a ilusão.
Oh, o universo, embora em mim existente,
É na realidade inexistente certamente. (18)


De que o Atman é apenas inteligência pura eu tenho a convicção,
E também de que o corpo e o universo nada são.
Então...
Sobre o que agora é possível a sobreposição? (19)


Corpo, céu e inferno, liberdade e escravidão,
Como também o medo, esses são mera imaginação.
Com tudo isso eu nada tenho a ver,
Pois a Consciência é a natureza do meu ser! (20)


Oh, eu não encontro a dualidade.
Até a multidão de seres humanos, com efetividade,
Tornou-se como um deserto.
Ao que devo me apegar ao certo? (21)


Nem eu sou esse corpo, nem o corpo é meu.
Eu sou Consciência, o Jiva não sou eu.
Que eu tivesse sede de vida
Era de fato a minha escravidão despercebida. (22)


Oh, no oceano ilimitado, em mim, 
Diversas ondas de mundos, sem fim,
São produzidas imediatamente
Ao surgimento do vento da mente. (23)


Com a calmaria do vento da mente
No infinito oceano do meu ente,
A arca do universo do Jiva, o negociante,
Infelizmente encontra a destruição adiante. (24)


Que maravilha! Em mim, o oceano sem margens,
As ondas de eus individuais se elevam selvagens,
Batem (umas nas outras), brincam (por um tempo) e desaparecem com certeza,
Cada uma de acordo com a sua natureza. (25)

***

III

Ashtavakra disse:
Tendo se reconhecido como indestrutível e único realmente,
Como é que você, significativamente,
Sereno e do Eu conhecedor,
Pela aquisição de riqueza sente o ardor? (1)


Ai! Como a ganância tem seu surgimento
Da ilusão de prata por da madrepérola haver desconhecimento,
Assim mesmo o apego aos objetos de percepção ilusória
Surge da ignorância do Eu em sua glória. (2)


Tendo se reconhecido como Aquele
Em que o universo aparece como as ondas que o mar propele,
Por que você corre por toda parte deplorável,
Como uma coisa miserável? (3)


Mesmo depois de ter ciência
De ser muito belo e pura inteligência,
Como alguém pode se tornar impuro pela penúria
Da devoção profunda à luxúria? (4)


Estranho é que o senso de propriedade
Continue até mesmo no sábio de notoriedade
Que o Eu em tudo realizou,
E tudo no Eu visualizou. (5)


Estranho é que permanecendo na suprema não-dualidade
E concentrado na liberdade,
Alguém à luxúria ainda esteja sujeito 
E seja abalado por à prática de passatempos amorosos ser afeito! (6)


Estranho é que sabendo que a luxúria é inimiga do Conhecimento,
Alguém que sofre de extremo enfraquecimento,
E que chegou aos seus dias finais,
Ainda esteja ansioso por prazeres sensuais. (7)


Estranho é que aquele que é desapegado
Dos objetos desse mundo e daquele ao lado,
Que discerne entre o eterno e o de pouca duração
E que anseia por emancipação tema a própria libertação. (8)


Mas festejado e regalado ou atormentado,
O sereno sempre vê o Eu absoluto prezado,
E assim não fica nem gratificado
Nem zangado. (9)


A pessoa de grande alma observa o próprio corpo
Agindo como se fosse de outro.
Como tal, como ele pode ficar perturbado
Ao ser louvado ou criticado? (10)


Vendo esse universo como mera ilusão,
E não lhe dando nenhuma atenção,
Como pode uma mente firme temer qualquer sorte
Até mesmo a aproximação da morte? (11)


Com quem é comparável
Aquele de grande alma louvável,
Contente ao ter do Eu o conhecimento,
Que não tem desejos nem mesmo em desapontamento? (12)


Por que aquela pessoa de mente estabilizada,
Que sabe que o objeto em sua natureza não é nada,
Consideraria isso digno de não ser recusado
E aquilo digno de ser rejeitado? (13)


Aquele que abandonou o apego mundano em sua mente,
Que está além dos pares de opostos e que o aguilhão do desejo não sente,
Para ele, qualquer experiência que venha naturalmente
Não causa prazer ou dor nem minimamente. (14)

***

IV

Ashtavakra disse:
Oh, o inteligente conhecedor do Ser
Que joga o jogo do prazer,
Não tem semelhança jamais
Com os iludidos do mundo, animais. (1)


Oh, o yogue não se sente exultante
Ao permanecer naquela posição importante
Pela qual Indra e todos os outros deuses anseiam,
Mesmo que nela infelizes eles sejam. (2)


O coração daquele que conhece Aquilo
Não é tocado pela virtude e pelo vício, é tranquilo,
Como o céu pela fumaça não é tocado,
Mesmo que pareça ser maculado. (3)


Quem pode proibir o de grande alma
Que tem em si a calma
De saber que todo esse universo é o Eu e mais nada
De viver como lhe agrada? (4)


Dos quatro tipos de coisas criadas,
Desde Brahma até as relvas ignoradas,
Somente o sábio tem a aptidão
De renunciar ao desejo e à aversão. (5)


Raro é o homem que se reconhece como um sem um segundo,
Bem como o senhor de todo o mundo.
Ele faz o que ele sabe
E nenhum medo vindo de parte alguma lhe cabe. (6)


***
V

Ashtavakra disse:
Você não tem contato com nada, você é puro,
Portanto, ao que você quer renunciar, agora ou no futuro?
Destrua o complexo e, assim, sem tensão,
Entre no estado de Dissolução. (1)


O universo surge de você 
Como as bolhas subindo do mar você vê.
Assim, saiba que o Eu é único e sem divisão
E entre desse modo no estado de Dissolução. (2)


O universo, manifestando-se como na corda a serpente,
Não existe em você que é puro totalmente,
Mesmo que ele esteja presente para os sentidos em geral; porque ele é irreal.
Assim você realmente, sem irresolução, entra no estado de Dissolução. (3)


Você é perfeito e equânime na alegria e na tristeza, no azar e na sorte,
Na esperança e no desespero, na vida e na morte.
Portanto, assim mesmo você tem a obtenção
Do estado de Dissolução. (4)



***


VI

Ashtavakra disse:
Como o espaço eu sou ilimitado.
Como um jarro é o mundo fenomênico notado.
Isso é Conhecimento desobstruído.
Não há nada a ser renunciado nem aceito nem destruído. (1)


Que como o oceano sou eu,
E o universo fenomênico é como a onda que se ergueu.
Isso é Conhecimento desobstruído.
Não há nada a ser renunciado nem aceito nem destruído. (2)


Que como a madrepérola sou eu;
E como a prata é a ideação de mundo que apareceu.
Isso é Conhecimento desobstruído.
Não há nada a ser renunciado nem aceito nem destruído. (3)


Eu estou em todos os seres realmente
E todos os seres estão em mim somente.
Isso é Conhecimento desobstruído.
Não há nada a ser renunciado nem aceito nem destruído. (4)

***

VII

Janaka disse:
Em mim, o oceano ilimitado,
A arca do universo se move por todo lado,
Impulsionada pelo vento de sua própria natureza inerente.
Eu não sou impaciente. (1)


Que a onda do mundo se eleve sem dó
Ou desapareça por si só
No oceano sem limites, em mim,
Eu não aumento nem diminuo assim. (2)


Do universo a imaginação
Está em mim, o oceano sem medição.
Eu sou muito tranquilo e nenhuma forma eu conheço.
Só nisso eu permaneço. (3)


Nos objetos o Eu não está,
Nem os objetos naquilo que é imaculado e cujo fim não se dá.
Assim Ele é livre de apego e desejo, e tranquilo, sem começo.
Só nisso eu permaneço. (4)


Oh, eu sou realmente a própria Inteligência.
O mundo é como o show de um ilusionista com eficiência.
Então como e onde pode haver em mim qualquer noção
De rejeição e aceitação? (5)

***
VIII

Escravidão é quando a mente deseja algo,
Ou lamenta por algo,
Rejeita ou aceita algo,
Sente-se feliz ou com raiva de algo. (1)


Libertação
É quando a mente não tem aspiração nem aflição,
Nem aceitação nem rejeição,
Nem exultação nem irritação. (2)


Quando a mente está em ligação
Com quaisquer sentidos específicos isso é escravidão.
Quando a mente não tem conexão
Com nenhum dos sentidos isso é libertação. (3)


Quando não há "eu", há libertação;
Quando há "eu", há escravidão.
Considerando isso, abstenha-se facilmente
De aceitar ou rejeitar qualquer coisa efetivamente. (4)

***
IX

Ashtavakra disse:
Os deveres cumpridos ou não e os pares de opostos também –
Quando eles cessam e para quem?
Sabendo disso, seja livre de desejos e na renúncia concentrado,
Por deixar o mundo completamente de lado. (1)


Meu filho, quem é o abençoado ser
Cujo desejo de viver, desfrutar e conhecer,
Foi extinto ao observar com discernimento
Dos homens o comportamento? (2)


Um sábio se torna quieto ao perceber agraciado
Que pela miséria tripla tudo isso está viciado,
E é transitório, insubstancial, desprezível
E digno de ser rejeitado em todo nível. (3)


Qual é aquele tempo ou idade 
Em que os pares de opostos não existem para os homens em realidade?
Aquele que está contente com o que vem por si mesmo,
Se livra desses e alcança a perfeição aqui mesmo. (4)


Qual é o homem que, tendo observado as opiniões divergentes
Entre os grandes santos e yogues e videntes, 
(Às opiniões deles) não se torna completamente indiferente 
E alcança a quietude inerente? (5)


Aquele que adquire ciência
Da verdadeira natureza da Transcendental Consciência
Por meio de completa indiferença ao mundo, raciocínio e equanimidade,
E salva os outros do mundo, ele não é o guia espiritual de verdade? (6)


Olhe para as modificações dos elementos como nada mais,
Do que os próprios elementos fundamentais,
E livre da escravidão você estará,
E em seu eu verdadeiro permanecerá. (7)


O mundo é feito de desejos.
Portanto, renuncie a todos esses almejos.
A renúncia ao mundo segue a renúncia ao desejo, ou seja,
Você pode viver onde quer que seja. (8)

***
X

Seja indiferente a tudo tendo abandonado Kama (desejo), o inimigo,
Artha (prosperidade mundana), que é acompanhado de dano e perigo,
Bem como o Dharma, os bons feitos,
Do qual os dois primeiros são os efeitos. (1)


Considere amigos, terras, riquezas,
Casas, esposas, presentes e outras belezas,
Como um sonho ou de um ilusionista a exibição,
Com três ou cinco dias de duração. (2)


Saiba que o mundo (samsara) é de fato
Onde quer que haja o desejo nato.
Dirija-se ao desapego vigoroso.
Seja feliz, sendo livre do desejo desonroso. (3)


Apenas em desejo consiste a escravidão,
E sua destruição é chamada de libertação.
Só pelo não-apego ao mundo a alegria constante pode-se obter
A partir da realização (do Ser). (4)


Você é Único, Puro e Inteligente.
O universo é ininteligente e inexistente.
A ignorância não é nada também.
Qual desejo de saber pode então haver para você? Hem? (5)


De reino, filhos, esposas, corpos, provento,
Nascimento após nascimento,
Você tem sido desvinculado,
Mesmo que (a eles) você fosse apegado. (6)


Basta de prosperidade,
Ação piedosa e ansiedade.
A mente não encontrou repouso nem por um segundo
Na floresta sombria do mundo. (7)


Por quantas encarnações
Você não fez um trabalho difícil, doloroso e cheio de tensões,
Com seu corpo, fala e mente?
Pare pelo menos hoje somente. (8)

***
XI

Aquele que percebeu que existência, inexistência
E mudança estão na natureza das coisas, por inerência,
Encontra repouso facilmente,
Sendo livre da dor, imperturbavelmente. (1)


Sabendo sem dúvida que Isvara é o criador de tudo,
E que não há outro aqui sobretudo,
Alguém se torna sereno com todo o seu desejo aquietado,
E a nada está vinculado. (2)


Ao saber com certeza que adversidade e prosperidade
Vêm através do destino em sua própria oportunidade,
Alguém tem todos os seus sentidos sob controle, está sempre contente,
E não deseja nem sofre nem se arrepende. (3)


Ao saber sem dúvida que a felicidade e a tristeza,
O nascimento e a morte são devidos ao próprio destino com certeza,
Alguém chega a ver que as coisas desejadas são de impossível realização,
E assim se torna inativo e desapegado, embora envolvido em ação. (4)


Aquele que percebeu que a inquietude
Gera miséria nesse mundo e nada mais, amiúde,
Torna-se livre dela e é feliz, pacífico e, destarte,
Livre de desejos em toda parte. (5)


“Eu não sou o corpo, nem o corpo é meu. A própria Inteligência sou eu.”
Aquele que percebeu isso com convicção
Não se lembra do que ele fez ou não,
Como se o estado de Plenitude fosse a sua obtenção. (6)


“Em verdade sou eu, de Brahma até a moita de grama," –
Aquele que sabe disso, determinado,
Fica livre do conflito de pensamento, puro e imperturbado,
E se afasta do que é alcançado e inalcançado. (7)


8. Aquele que sabe com certeza afortunada
Que esse universo múltiplo e maravilhoso não é nada,
Torna-se a Inteligência sem desejos e pura,
E como se nada existisse encontra a paz madura. (8)

***
XII

Janaka disse:
Primeiro à ação física eu me torno intolerante,
Depois à fala extensa constante,
E então ao pensamento errante.
Assim, consequentemente, eu permaneço, verdadeiramente. (1)


Eu não tenho apego a som, visão, ...
E o Eu também não sendo um objeto de percepção,
Livre de distrações e unidirecionada eu tenho a minha mente.
Eu permaneço assim exatamente. (2)


O esforço é feito para a concentração
Quando há distração da mente devido à sobreposição.
Vendo que essa é a regra somente,
Eu permaneço assim realmente. (3)


A percepção do rejeitável e do aceitável
Em mim não sendo detectável,
E não tendo alegria nem tristeza por ora,
Assim, ó Brahman, eu permaneço agora. (4)


Uma fase da vida ou nenhuma fase da vida,
Meditação, renúncia aos objetos da mente evolvida –
Descobrindo que eles causam distrações para mim,
Eu permaneço, de fato, assim. (5)


A cessação da ação é tanto um resultado da ignorância
Quanto a realização dela em qualquer circunstância.
Conhecendo essa verdade perfeitamente,
Eu permaneço assim realmente. (6)


Pensando no Impensável,
Alguém se dirige a uma forma de pensamento invariável.
Portanto, abandonando esse pensamento,
Assim, de fato, eu permaneço a todo momento. (7)


Abençoado é aquele que realizou isso com certeza.

Abençoado é aquele que é assim por natureza. (8)

***
XIII

Janaka disse:
O equilíbrio da mente que surge em alguém que nada tem 
É raro mesmo quando se possui apenas uma tanga como bem.
Por isso, abandonando a renúncia e a aceitação,
Eu vivo com satisfação. (1)


Há problemas do corpo em algum lugar, problemas da língua em algum lugar
E problemas da mente em algum lugar.
Tendo renunciado a esses definitivamente,
Eu vivo na meta suprema da vida alegremente. (2)


Percebendo plenamente
Que nada é feito pelo Eu realmente,
Eu faço o que quer que se apresente espontaneamente,
E vivo alegremente. (3)


Os yogues que com o corpo têm ligação
Insistem em ação ou inação.
Devido à ausência de associação e dissociação,
Eu vivo com satisfação. (4)


Nenhum bem ou mal para mim advém,  
Parado, andando ou dormindo também.
Então, alegremente eu vivo,
Esteja eu parado, andando ou adormecido. (5)


Eu não perco por descansar,
Nem ganho por me esforçar.
Então, abandonando (pensamentos sobre) perda e euforia,
Eu vivo alegremente dia a dia. (6)


Observando repetidas vezes
As flutuações de dores e prazeres,
Sob diferentes condições,
Eu renunciei ao bem e ao mal e sou feliz sem aspirações. (7)

***

XIV

Janaka disse:
Esgotou a sua vida mundana com certeza,
Aquele que tem a mente esvaziada de pensamentos (mundanos) por natureza,
Que pensa em objetos por inadvertência,
E que é como se estivesse acordado durante a dormência. (1)


Quando os meus desejos pereceram,
As minhas riquezas, os meus amigos desapareceram,
E também os ladrões nas formas dos objetos sensoriais,
Bem como o conhecimento e as injunções escriturais! (2)


Já que o Eu Supremo eu realizei,
Que é Testemunha e o Senhor, eu sei,
E perdi todo o desejo de escravidão e libertação,
Eu não sinto ansiedade pela emancipação. (3)


As diferentes condições daquele que não tem dúvidas internamente,
Mas que se move à vontade por toda parte externamente,
Como uma pessoa ainda sob a ilusão,
Só podem ser compreendidas pelas pessoas que como ele são. (4)

***
XV

Ashtavakra disse:
Um homem de intelecto puro tem a sua meta (de vida) realizada
Até mesmo por meio de instrução casualmente comunicada.
O outro permanece desnorteado
Mesmo depois de toda a vida ter investigado. (1)


A aversão pelos objetos dos sentidos é libertação;
O amor pelos objetos dos sentidos é escravidão.
Isso de fato é Conhecimento.
Faça o que quiser nesse momento. (2)


Esse conhecimento da Verdade transforma uma pessoa expansiva,
Sábia e ativa em muda, inerte e inativa.
É por isso que ele que é evitado
Por aqueles por quem o mundo é apreciado. (3)


Você não é o corpo, nem o corpo lhe pertence,
Nem você é o realizador ou o desfrutador, pense,
Você é a própria Inteligência, a Testemunha Eterna sempre,
E você é livre. Siga em frente alegremente. (4)


Atributos da mente são o apego e a aversão.
A mente nunca é sua. Você é livre de confusão,
A Inteligência em si, imutavelmente.
Siga em frente alegremente. (5)


Realizando o Eu em tudo e tudo no Eu,
Livre do senso de "meu,"
E livre da pretensão,
Encontre a satisfação. (6)


Ó Inteligência, você é de fato
Aquilo em que o universo é manifestado
Como no oceano as ondas em elevação.
Seja livre de agitação. (7)


Tenha fé, meu filho, tenha fé. Não se iluda nisso jamais.
Você é o próprio Conhecimento, sem mais.
Você é o Eu, você é o Senhor,
E à natureza você é superior. (8)


O corpo ligado aos órgãos dos sentidos aparece,
Permanece e desaparece.
O Eu não aparece nem desaparece.
Por que então por ele você se entristece? (9)


Que o corpo dure eternamente
Ou que ele se vá hoje exatamente.
Onde há alguma diminuição ou aumento
Em você que é puro Conhecimento? (10)


Que as ondas do universo apareçam
Espontaneamente ou desapareçam
Em você que é o oceano infinito.
Isso não significa ganho nem perda para você, bendito. (11)


Meu filho, você é Inteligência pura imanente.
Esse universo de você não é nem um pouco diferente.
Portanto, quem aceitará e rejeitará?
E como e onde ele o fará? (12)


De onde haverá nascimento,
Ação e até mesmo do egoísmo o fomento,
Para você que é único, dotado de permanência,
Calmo, puro e a própria Inteligência? (13)


Em tudo o que você conhece,
Só você aparece.
Pulseiras, tornozeleiras e braceletes,
Do ouro parecem diferentes? (14)


Abandone completamente essas distinções
Como "eu sou Ele" e "eu não sou isso," todas as diferenciações.
Considere tudo como o Eu
E seja sem desejos e dotado de felicidade em seu apogeu. (15)


É verdadeiramente pela sua insciência
Que o universo tem sua existência.
Na realidade só há você.
Não há Jiva ou Isvara além de você. (16)


Aquele que sabe indubitavelmente
Que esse universo é uma ilusão e um nada somente,
Torna-se a pura e desapegada Inteligência,
E encontra a paz na inexistência. (17)


No oceano do mundo só houve um,
Só há um e só haverá um.
Você não tem nem escravidão nem libertação.
Viva em felicidade e satisfação. (18)


Ó Inteligência Pura, não cause perturbações
À sua mente com decisões e indecisões.
Seja calmo e permaneça em seu próprio Eu com confiança,
O qual é a própria Bem-aventurança. (19)


Desista de contemplar qualquer criação
E não guarde nada em seu coração.
Você é realmente o Eu e, portanto, livre, isento,
O que você fará pelo pensamento? (20)

***
XVI

Ashtavakra disse:
Meu filho, você pode falar muito frequentemente
Sobre várias escrituras ou ouvi-las constantemente.
Mas você só poderá no Eu se estabelecer
Se de tudo você se esquecer. (1)


Ó Sábio, você pode desfrutar, ou trabalhar,
Ou a concentração mental praticar.
Mas a sua mente ainda assim desejará Aquilo que está além de todos os objetos,
E no qual todos os desejos se extinguem, até os seletos. (2)


Todos são infelizes porque se esforçam.
Mas eles não sabem disso, por mais que ouçam.
O abençoado alcança a emancipação
Através dessa mesma instrução. (3)


A felicidade pertence
Àquele mestre indiferente,
Para quem até piscar os olhos é demais,
Uma aflição, a ninguém mais. (4)


Quando dos pares de opostos tais como "isso é feito"
E "isso não é feito" a mente não sente o efeito,
Ela se torna indiferente à prosperidade mundana, ao mérito de religião,
Ao desejo de prazer dos sentidos e de libertação. (5)


Os que abominam os objetos dos sentidos fogem deles,
E os que os cobiçam se apegam a eles.
Mas aqueles por quem eles não são aceitos nem rejeitados
Não são desapegados nem apegados. (6)


Enquanto continuar o desejo, que é a habitação
Do estado de indiscriminação,
Haverá em verdade o senso de apego e aversão,
Que é o ramo e o broto da (árvore da) transmigração. (7)


Atividade gera atração,
A abstenção dela aversão.
A pessoa de sabedoria está livre dos pares de opostos como uma criança,
E assim está estabelecida (no Eu) com confiança. (8)


Aquele que está ligado ao mundo a esse quer renunciar
Para o sofrimento evitar.
Mas aquele sem apego livre da tristeza está
E não se sente miserável nem mesmo lá. (9)


Aquele que tem um sentimento egoísta mesmo em relação à libertação,
E considera até mesmo o corpo como sua possessão,
Não é um yogue nem um homem de conhecimento.
Ele só encontra sofrimento. (10)


Mesmo que Hara, Hari e Brahma o nascido no lótus possam ser
Aqueles a instruções lhe conceder,
A menos que de tudo você se esqueça,
É impossível que no Eu você se estabeleça. (11)

***
XVII

Ashtavakra disse:
O fruto do conhecimento e também
Da prática de Yoga são de quem,
Com os sentidos purificados e com satisfação,
Desfruta sempre em solidão. (1)


Oh, o conhecedor da Verdade
Nesse mundo sempre desfruta de felicidade,
Pois a totalidade do universo
É preenchida por ele mesmo disperso. (2)


Nenhum objeto dos sentidos jamais apraz
Àquele que no Eu se satisfaz,
Assim como a folhagem da árvore neem não sacia
Um elefante que as folhas de sallaki aprecia. (3)


Raro no mundo é aquele que não almeja,
Que não deseja
Coisas as quais ele apreciou,
Ou coisas das quais ele não desfrutou. (4)


Nesse mundo, alguém desejoso de libertação
E alguém desejoso de prazer mundano são de fácil localização.
Mas é uma raridade
O de grande alma que não deseja nem prazer nem liberdade. (5)


É aquele de mente aberta somente
Que nem atração nem aversão sente
Por Dharma, Artha, Kama e Moksha, a Libertação,
Bem como pela vida e pela extinção. (6)


A pessoa de Conhecimento não sente nenhuma preferência
Pela dissolução do universo ou aversão à sua existência.
O abençoado, portanto, vive alegremente
De qualquer subsistência que se apresente. (7)


Sendo realizado pelo Conhecimento
E com sua mente absorta e cheia de contentamento,
O sábio vive feliz, ouvindo, vendo,
Tocando, cheirando e comendo. (8)


Não é apegado nem desapegado
Aquele para quem o oceano do mundo foi secado.
Sem objetivo (vago) é o seu olhar,
A ação é sem propósito e os sentidos não estão a atuar. (9)


O sábio não dorme nem se mantém desperto,
Seu olho não fecha nem se mantém aberto.
Oh, a alma liberta em qualquer colocação
Desfruta da suprema condição. (10)


O liberto é encontrado em toda região,
Permanecendo no Eu e puro de coração,
E em toda parte ele vive,
De todos os desejos livre. (11)


Vendo, ouvindo, tocando, cheirando,
Comendo, falando, conversando e caminhando,
O de grande alma, de todos os esforços e não-esforços despojado,
É verdadeiramente emancipado. (12)


O liberto não calunia nem elogia,
Não sente irritação nem alegria,
Não dá nem se apropria.
Ele em toda região é livre de atração. (13)


É de fato emancipado
O de grande alma que não fica perturbado e permanece autoequilibrado,
Tanto à visão de um homem ou de uma mulher cheia de amor para dar,
Quanto da morte a se aproximar. (14)


O sábio, que vê o mesmo em toda direção,
Não faz distinção
Entre homem e mulher, felicidade e infelicidade,
Prosperidade e adversidade. (15)


No sábio que já não é um homem ou mulher e cuja vida mundana está esgotada,  
Não há nenhum desejo de ferir, nem compaixão, nada,
Nem insolência, nem humildade, nem admiração,
Nem na mente qualquer perturbação. (16)


O liberto não abomina os objetos dos sentidos nem os almeja.
Sempre com a mente desapegada, ele não deseja,
Ele desfruta do que foi conseguido
Bem como do que não foi obtido. (17)


O sábio de mente vazia não conhece a confusão
Entre bem e mal, contemplação e não-contemplação.
Ele permanece, por assim dizer,
No estado de Absoluto Ser. (18)


O sentimento de "meu" e "eu" não existe
Para o homem de Conhecimento que sabe com certeza que tudo inexiste,
E que não age, embora possa estar agindo externamente,
Pois todos os seus desejos estão aquietados internamente. (19)


Uma condição indescritível é obtida
Pelo sábio cuja mente foi dissolvida,
E que está livre da manifestação mental
E da ilusão, do sonho e do embotamento total. (20)

***

XVIII

Ashtavakra disse:
Saudações a Aquilo que é a própria felicidade,
Por natureza, esplendor e tranquilidade,
Com o alvorecer do conhecimento do qual
Toda ilusão se torna como um sonho irreal. (1)


Prazeres abundantes são obtidos
Na medida em que todos os objetos mundanos são adquiridos.
Não se pode ser feliz, contudo,
Sem renunciar a tudo. (2)


Como pode alguém cujo âmago do coração foi queimado pelo calor
Do sol da tristeza proveniente do sentimento de ter que ser o ator,
Desfrutar de felicidade
Sem a chuva contínua da ambrosia da tranquilidade? (3)


O universo é um estado de consciência (uma ideia) somente.
Ele não é nada realmente.
Aquele ente autoexistente, por conhecer
A existência e a inexistência, nunca cessa de ser. (4)


A natureza do Eu que é absoluta,
Sem esforço, imutável e impoluta,
Não é nem distante nem limitada,
Mas sempre alcançada. (5)


Assim que cessa a ilusão,
E do Eu vem a compreensão,
O véu da visão cai, 
E toda a sua tristeza se vai. (6)


Tendo a percepção
De que tudo é mera imaginação,
E de que o Eu é livre e eterno, com segurança,
O sábio agirá como uma criança! (7)


“O próprio eu é Brahman,” com essa indubitável cognição,
Sabendo que a existência, bem como a inexistência, é ficção,
O que alguém que é livre do desejo deve conhecer,
Ou dizer, ou fazer?  (8)


Por saber verdadeiramente que tudo é Eu,
Pensamentos como “isso de fato sou eu”
E “isso eu não sou” tornam-se fracos realmente,
Para o yogue que se tornou silente. (9)


O yogue que alcançou a mansidão
Não tem distração, nem concentração,
Nem excesso de conhecimento, nem lentidão,
Nem prazer, e nem aflição. (10)


Mendicância ou do céu a soberania,
Ganho ou perda, solidão ou companhia,
Não fazem diferença para o yogue de contentamento,
Cuja natureza é livre de condicionamento. (11)


Dharma, Kama, Artha, ou discernimento também,
Não têm importância para o yogue que foi além
Das noções duais tais como “isso é feito”
E “isso não é feito.” (12)


O yogue que em vida alcançou a libertação,
Não tem nenhum dever nem apego no coração.
Nesse mundo a sua ação
Apenas com a vida tem relação. (13)


Onde está o universo, onde está a ilusão,
Onde está a meditação em Aquilo, ou onde está a libertação,
Para o de grande alma que repousa benfazejo
Na terra além do mundo do desejo! (14)


O universo. Alguém pode, ao observá-lo,
Tentar negá-lo.
O que tem a fazer aquele que nada deseja?
Ele não vê, embora ele veja. (15)


Aquele que viu o Supremo Brahman,
Medita em "Eu sou Brahman."
O que pensaria aquele que transcendeu todo pensamento,
Quando não vê nenhum segundo em nenhum momento? (16)


De fato, controla a si mesmo
Aquele que vê distração em si mesmo.
Mas no grandioso não há distração.
Não tendo nada a realizar, qual seria a sua ação? (17)


Ao contrário do homem comum, 
O sábio, embora viva como alguém comum,
Não vê em si mesmo nem concentração,
Nem impureza, nem distração. (18)


Aquele que é desprovido de existência e inexistência,
Que é sábio, satisfeito e livre de apetência,
Não faz nada não,
Mesmo que aos olhos do povo ele possa estar em ação. (19)


O sábio que vive ao fazer satisfeito
O que venha a ele para ser feito,
Não se sente incomodado nem em atividade
Nem em inatividade. (20)


Soprada pelo vento da causalidade,
A pessoa livre, sem desejos, de serenidade,
Liberta e independente,
Age como uma folha seca à corrente. (21)


Não há alegria ou tristeza para alguém
Que da existência mundana foi além.
Com a mente serena continuamente,
Ele vive como alguém cujo corpo é inexistente. (22)


O homem sábio, cujo prazer está no Eu sem incerteza,
E cuja mente é calma e cheia de pureza,
Não tem nenhum desejo de renunciar,
Nem sente qualquer perda em nenhum lugar. (23)


Naturalmente de uma mente vazia, em liberdade,
E agindo como lhe dá vontade,
O sábio pela honra ou desonra não é afetado,
Como um homem comum seria perturbado. (24)


Aquele que age em conformidade com pensamentos
Tais como “o corpo faz esses procedimentos,
Isso não é feito por mim, o Eu de pureza” –  
Essa pessoa, mesmo agindo, não age, com certeza. (25)


O Jivanmukta age como um sujeito
Que não diz que ele está agindo desse jeito;
Mas ele não é, por isso, um tolo desarrazoado.
Mesmo estando no mundo, ele parece feliz e abençoado. (26)


O sábio que, cansado de toda ponderação,
Alcançou a quietação,
Não pensa, nem conhece,
Não ouve, nem vê, nem carece. (27)


Tendo descoberto a ficção que é o universo,
A grande alma não é aspirante à libertação nem o inverso.
Estando além do samadhi e da distração,
Mesmo que do mundo tenha a visão, ele existe como o próprio Brahman sem ação. (28)


Aquele que de egoísmo é dotado
Age embora nenhum ato seu seja observado.
O sábio que de altruísmo é dotado
Não faz nenhum ato errado. (29)


A mente de quem alcançou a libertação
Não é perturbada nem tem satisfação;
Ela é imóvel, sem desejos, inativa,
E das dúvidas não é cativa. (30)


A mente do liberto não toma iniciativa
Para ser meditativa ou ativa;
Mas torna-se meditativa
E ativa sem justificativa. (31)


Uma pessoa obtusa fica aturdida
Quando a verdade real é ouvida,
Um sábio em si mesmo se retrai,
Como uma pessoa tola que se distrai. (32)


Os ignorantes adotam constantemente
A prática da concentração e do controle da mente.
Os sábios que permanecem em seu Eu incontestado,
Como pessoas adormecidas, não encontram nada a ser realizado. (33)


A pessoa ignorante não obtém mansidão
Por meio de ação nem por inação.
O sábio se torna feliz meramente
Ao averiguar a Verdade imanente. (34)


Nesse mundo os homens, embora adotem todo tipo de prática vigente,
Não conhecem o Eu que é puro, inteligente,
Amado, além do universo, perfeito, 
E livre de todo defeito. (35)


Ao ignorante a prática repetida não dá libertação,
Pois a prática é uma ação.
Desprovido de todas as atividades, o venturoso,
Fica livre através do mero Conhecimento ditoso. (36)


Pelo ignorante Brahman não é alcançado,
Porque em Aquilo ele deseja ser transformado.
O sábio realiza a natureza do Brahman Supremo seguramente,
Mesmo sem desejá-lo especificamente. (37)


Sem nenhuma base e ávidos pela obtenção (de liberdade),
Os ignorantes apenas mantêm o mundo de irrealidade.
A raiz disso (isto é, do mundo) pelos sábios é partida,
Que é a fonte de toda a miséria repetida. (38)


A paz pelo tolo é desejada
E, por isso, por ele não é alcançada,
O sábio conhece a Verdade,
E tem sempre a mente em tranquilidade. (39)


O Autoconhecimento não é obtenível
Por aquele cujo conhecimento só a partir do objeto é possível.
Isso ou aquilo pelo sábio não é observável,
Pois ele só vê o Eu imutável. (40)


Onde está o controle (da mente)
Para o iludido que se esforça para isso exatamente?
Ele é de fato sempre natural para o dotado de sabedoria
Que no Eu tem sua alegria. (41)


Alguém pensa que há existência,
E outro pensa que só há inexistência.
Quem não pensa nem um nem outro é uma raridade,
E ele é dotado de tranquilidade. (42)


As pessoas de intelecto pouco profundo
Pensam que o Atman é puro e um sem um segundo,
Mas não o conhecem por causa da ilusão,
E enquanto vivem são vítimas da aflição. (43)


Quem pela libertação desejo sente
Não tem intelecto independente;
(Mas) o intelecto do liberto é, realmente,
Sempre livre de desejo e autodependente. (44)


Vendo os tigres dos objetos dos sentidos,
Aqueles que pelo medo são acometidos,
Buscando refúgio, entram na caverna imediatamente,
Para obter o controle e a concentração da mente. (45)


Vendo o leão (o sábio) que vagueia sem desejo livremente,
Os elefantes dos objetos dos sentidos fogem quietamente,
E, quando não conseguem,
Como aduladores a ele servem. (46)


Aquele que não tem dúvidas e cuja mente no Eu tem sua fixação,
Não recorre aos meios de libertação.
Ele vive feliz, ouvindo, vendo,
Tocando, cheirando e comendo. (47)


Aquele cuja mente foi purificada e libertada da distração
Pela mera audição sobre a verdadeira Perfeição,
Não vê nada a ser feito ou a ser evitado,
Nem é desinteressado. (48)


O que quer que venha para ser feito pela frente,
É feito pela pessoa inocente,
Seja bom ou não;
Porque como as de uma criança as suas ações são. (49)


Alcança-se a felicidade através da autodependência, 
Alcança-se o Supremo através da autodependência,
Alcança-se a tranquilidade através da autodependência,
Alcança-se o Estado Mais Alto através da autodependência. (50)


Atenuam-se todas as modificações da mente
Quando a pessoa compreende
Que ela mesma não é a realizadora,
Nem a desfrutadora. (51)


A conduta do sábio tem um brilho especial,
Ainda que seja incontida e inartificial,
Mas não a calma simulada
Do tolo cuja mente é vinculada. (52)


Os sábios que são livres de imaginações,
Libertos e de intelecto sem restrições,
(Às vezes) em meio a grandes prazeres se divertem,
E (às vezes) em moradores de cavernas de montanhas se convertem. (53)


Nenhum desejo que seja surge no coração
Do sábio ao ver ou honrar uma pessoa versada em sagrada erudição,
Um deus, um lugar sagrado,
Uma mulher, um rei ou um amado. (54)


O yogue não fica nem um pouco perturbado,
Nem mesmo quando ridicularizado e desprezado
Por seus filhos, atendentes,
Esposas, sobrinhos e parentes. (55)


Embora satisfeito, ele não está satisfeito,
Embora atormentado, ele não sofre dor de nenhum jeito.
Somente aqueles que como ele são
Entendem a sua maravilhosa condição. (56)


O senso de dever, de fato, é o mundo de relatividade.
Ele é transcendido pelos sábios de unicidade
Que são da forma do vazio, livres de modificações,
 Sem forma, imaculados e sem mutações. (57)


O de intelecto obtuso, mesmo sem fazer nenhuma ação,
Está sempre agitado pela distração;
Mas o sábio, mesmo cumprindo suas obrigações,
É realmente livre de perturbações. (58)


Equânime na vida prática igualmente,
O sábio fica sentado alegremente,
Dorme alegremente, se move alegremente,
Fala alegremente, e come alegremente. (59)


Aquele que, mesmo na vida prática, devido ao seu autocontrole total,
Não se sente angustiado como as pessoas em geral,
Permanece inalterado, como de um vasto lago as profundezas,
Livre de todas as suas tristezas. (60)


Do iludido até mesmo a inação
Se torna ação,
E do sábio até mesmo a ação
Resulta no fruto da inação. (61)


O iludido frequentemente mostra desafeição
Por aquilo que é sua possessão.
Aquele cujo desejo pelo corpo teve desaparição,
Não tem nem apego nem aversão. (62)


A consciência do iludido está sempre apegada
Ao pensar e ao não pensar em nada.
Mas a do sábio, embora esteja ligada a pensar o pensável,
É da natureza da inconsciência inefável. (63)


O sábio que como uma criança se move, 
Pois em todas as suas práticas nenhum motivo o move,
E que é puro, não tem apego nem mesmo à ocupação
Que é objeto de sua dedicação. (64)


Aquele conhecedor do Eu, que, mesmo vendo,
Ouvindo, tocando, cheirando ou comendo,
Está livre do desejo é de fato abençoado,
E sob todas as condições é inalterado. (65)


Onde está o eu refletido,
Onde está o mundo, onde está o objetivo pretendido,
E onde estão os meios (para sua obtenção)
Para o sábio que como o céu não sofre alteração? (66)


Glorioso é aquele que renuncia a toda aspiração,
E da Felicidade Infinita é a personificação, 
A qual é a sua própria natureza – aquele desapaixonado,
Que atingiu o samadhi natural no incondicionado. (67)


Em resumo, o de grande alma que da Verdade teve a realização
Está livre do desejo de prazer e libertação,
E é desprovido de todo apego em todas as ocasiões,
E em todas as localizações. (68)


O que mais precisa ser feito por alguém que é Pura Inteligência,
Alguém que renunciou ao mundo de aparência
Começando com Mahat e o que resta,
Que através de um mero nome se manifesta? (69)


O puro que sabe com absoluta convicção
Que nada existe e que tudo isso é produto da ilusão,
Para quem o Inexprimível é expresso plenamente,
Desfruta de paz naturalmente. (70)


Regras de conduta, desapego, renunciação,
E dos sentidos a restrição – o que eles são
Para alguém cuja natureza é Pura Inteligência,
E que de nenhuma realidade objetiva tem ciência? (71)


Onde está a escravidão ou libertação,
Alegria ou desolação,
Para aquele que brilha como a Imensidade
E que na existência relativa não vê realidade? (72)


No mundo existente até a Autorrealização,
Apenas prevalece a Ilusão.
O sábio vive sem a sensação
De “eu” e de “meu” e sem fixação. (73)


Para o sábio que tem a percepção
De seu próprio eu como sem prostração e sem extinção,
O que é o universo, o que é o conhecimento,
Ou o que é o sentimento de que "o corpo sou eu" ou "o corpo é meu"? (74)


Tão logo o homem de intelecto ineficiente
Desiste das práticas de concentração e controle da mente,
Ele se torna vítima da agressão
Do desejo e da imaginação. (75)


O homem de intelecto fraco, mesmo ouvindo a Verdade,
Não desiste dessa ilusão que encobre a Realidade.
Embora pareça, através de esforço, desprovido de atividade da mente,
Ele tem anseio por objetos dos sentidos espreitando internamente. (76)


Aquele cuja atividade cessou com o alvorecer do Conhecimento da Verdade,
Não encontra nenhuma oportunidade
De fazer ou dizer qualquer coisa de novo,
Mesmo que ele esteja fazendo trabalho aos olhos do povo. (77)


Para o sábio que é eternamente
Imutável e destemido em mente,
Não há escuridão, nem renunciação,
Nada em absoluto, nem destruição. (78)


O que é discernimento, o que é fixidez,
Ou o que é intrepidez,
Para o yogue que é impessoal, indescritível,
E de natureza indestrutível? (79)


Não há céu, nem a infernal tribulação,
Nem mesmo em vida a libertação.
Nada existe, em suma,
Na consciência yôguica una. (80)


O sábio não almeja ganhar,
Nem se aflige por não se apegar.
A sua tranquila mente
Está cheia de néctar realmente. (81)


O que não tem desejos não elogia os gentis,
E não critica nem mesmo os vis.
Contente e inalterado na felicidade e na tristeza,
Ele não encontra nada a fazer com certeza. (82)


O sábio não abomina o mundo,
Nem quer realizar o Eu sem segundo.
Nele a alegria e a tristeza não encontram lugar,
Nem vivo e nem morto ele pode estar. (83)


Gloriosa é a vida do sábio que da expectativa está liberto,
Livre do apego por filhos, esposa ou quaisquer outros longe ou perto,
Livre do desejo pelos objetos dos sentidos e suas ações,
E que nem com o próprio corpo tem preocupações. (84)


O contentamento sempre habita no coração e na mente,
Do sábio que vive do que quer que venha a ele naturalmente,
E que vagueia por toda parte à vontade,
Descansando onde quer que o sol se ponha, em serenidade. (85)


Repousando sobre a fundação de seu próprio ser,
E esquecendo todo o ciclo de nascer e renascer,
A pessoa de grande alma não se importa
Se o seu corpo nasce ou se a morte bate à sua porta. (86)


O sábio que permanece por si só é abençoado,
Que não tem nenhuma posse e a nada está ligado,
Que é livre dos pares de opostos e se move livremente,
E cujas dúvidas foram destruídas totalmente. (87)


O sábio, desprovido do senso de “meu”, é glorioso,
Para quem terra, pedra ou ouro são o mesmo, o auspicioso,
Cujo nó do coração foi despedaçado,
E que de rajas e tamas foi purificado. (88)


Quem há para ser comparado
Com aquele que foi libertado,
E que não tem nenhum desejo de coração,
Que é indiferente a tudo e sempre tem satisfação? (89)


Quem além do livre de desejos sabe sem nem mesmo saber,
Fala sem sequer falar e vê sem nem mesmo ver? (90)


Seja um rei ou um indigente,
Distingue-se aquele que é indiferente,
E cuja visão das coisas está livre afinal,
Do senso de bem e de mal. (91)


O que é devassidão, o que é restrição,
Ou da Verdade a determinação, 
Para o yogue cujo objetivo de vida teve realização,
E que da retidão natural é a personificação? (92)


Como e para quem pode ser descrito
O que é experimentado por aquele que pelo desejo não é mais constrito,
Cuja tristeza desapareceu,
E que está contente com o repouso no Eu? (93)


Não adormecido nem mesmo em profundo sono,
Não deitado nem mesmo em sonho,
E, mesmo no estado de vigília, não acordado,
É o sábio que sob todas as condições está animado. (94)


A pessoa de Conhecimento é desprovida de pensamento,
Mesmo quando envolvida em pensamento,
Desprovida de órgãos dos sentidos,
Embora nela eles estejam contidos,
Desprovida de inteligência,
Embora a tenha e use com diligência,
E desprovida do senso de individualidade,
Embora dotada dele na relatividade. (95)


Ele não é feliz nem desafortunado,
Nem apegado nem desapegado,
Nem liberto nem um aspirante à liberdade,
Nem isso nem aquilo na verdade. (96)


O abençoado não se distrai nem na distração,
Não é meditativo nem mesmo na meditação,
Não é obtuso nem mesmo em um estado de embotamento,
E não é erudito embora dotado de conhecimento. (97)


O liberto que repousa no Eu sob todas as condições,
Que do que foi feito e do que deve ser feito não tem mais noções,
E que é o mesmo em todos os lugares não faz reflexão,
Devido à ausência de desejo, sobre o que ele fez ou não. (98)


Louvado, ele não se sente agradado;
Criticado, ele não se sente perturbado.
Na vida ele não se diverte,
Nem a morte em temeroso o converte. (99)


O tranquilo não procura o lugar lotado,
Nem o deserto esvaziado.
Ele permanece o mesmo sob qualquer condição,
E em qualquer lugar que seja sem nenhuma alteração. (100)

***

XIX

Janaka disse:
Do recesso mais profundo do meu coração
Eu fiz a extração
Do espinho de diferentes investigações,
Com as pinças do conhecimento da Verdade sem limitações. (1)


Para mim, que em minha própria glória tenho o meu ser,
Onde há prazer, onde há prosperidade, onde está o dever,
Onde está o discernimento, onde há dualidade
E onde há até mesmo a não-dualidade? (02)


Para mim, que em minha própria glória tenho o meu ser,
Onde está o passado, onde está o que virá a ser,
Onde está até mesmo a atualidade,
Onde há espaço ou onde há eternidade? (03)


Onde há Eu ou não-Eu,
Onde o bem ou o mal se escondeu,
Onde há ansiedade ou não-ansiedade,
Para mim que em minha própria glória tenho estabilidade? (04)


Onde está o sonho, onde está o sono pesado,
Onde está a vigília, onde está o quarto estado,
E onde está até mesmo o medo para mim,
Que habito em minha própria glória sem fim? (05)


Onde há distância ou proximidade,
Interioridade ou exterioridade,
Grosseria ou sutileza para mim,
Que habito em minha própria glória sem fim? (06)


Onde há vida ou morte,
Onde estão os mundos ou as relações mundanas de toda sorte,
Onde há dissolução ou concentração para mim,
Que habito em minha própria glória sem fim? (07)


Para mim que no Eu tenho o meu lar,
Não há necessidade de falar
Sobre os três objetivos buscados pela maioria,
Sobre o Yoga nem sobre a sabedoria. (08)

***

XX

Janaka disse:
Onde estão os órgãos, os elementos,
O corpo, a mente, a fonte dos pensamentos,
O vazio ou o desespero, certeza ou incerteza,
Em meu Ser de pureza? (01)


O que é escritura, o que é autoconhecimento,
O que é a mente livre de todo pensamento,
O que é contentamento, ou o que é a ausência de desejo,
Para mim que o senso de dualidade nunca vejo? (2)


O que é ignorância ou o que é compreensão,
O que é escravidão ou o que é libertação,
O que é “eu”, o que é “isso” ou o que é “meu”,
O que é definição, para o Eu? (3)


O que é o karma iniciado,
Da libertação em vida qual é o significado,
Ou o que é na morte a libertação,
Para aquele que está além de qualquer descrição? (4)


O que é o realizador, ou o desfrutador,
O que é da atividade o cessamento, ou o surgimento do pensamento,
O que é a imediata percepção, ou a sua repercussão,
Para mim, como tal, o sempre Impessoal? (5)


O que é o mundo de ação ou o que é o aspirante à libertação,
O que é o homem de meditação ou o que é o homem de Compreensão,
O que é a alma em escravidão ou o que é a alma dotada de emancipação,
Para mim, como tal, que sou a Essência não-dual? (6)


O que são projeção e retração,
O que são o fim e os meios de aquisição,
O que são o buscador e o sucesso na obtenção,
Para mim, que permaneço em meu eu não-dual,
Que é a minha natureza essencial? (7)


O que é o conhecedor, o processo de conhecimento,
O objeto de conhecimento ou o próprio conhecimento,
O que é alguma coisa ou nada,
Para mim que sou sempre pureza incondicionada? (8)


O que é distração ou concentração,
Embotamento ou ilusão,
Alegria ou aflição,
Para mim que sou sempre sem ação? (9)


O que é a felicidade ou a miséria absoluta ou relativa,
Para mim cuja substância mental é sempre inativa? (10)


O que é ilusão ou samsara, apego ou desapego, seguro ou inseguro,
Jiva ou Brahman, para mim que sou sempre puro? (11)


O que é atividade ou inatividade, libertação ou escravidão,
Para mim que sou sempre estabelecido no Eu, imutável e sem divisão? (12)


O que é discípulo ou preceptor, injunção escritural ou instrução,
Qual é o maior bem da vida para mim que sou absolutamente bom e livre de limitação? (13)


O que é existência ou inexistência, unidade ou dualidade?
O que mais precisa ser dito? Nada emana de mim em realidade. (14)

__________

É o Fim?
Sim.